Macarrão é feito com resíduos da extração de óleo das sementes de linhaça
Por Júlio Bernardes
Agência USP de Notícias
Um novo tipo de macarrão com farinha da semente de linhaça é desenvolvido no Centro de Energia Nuclear da Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba. O produto utiliza os resíduos da extração do óleo de linhaça, cereal rico em Ômega 3, Ômega 6, fibras e fitormônios, substâncias benéficas à saúde humana. A preparação da massa é igual a do macarrão convencional, para facilitar sua adoção pelas indústrias. O sabor também é semelhante ao original.
O aproveitamento mais comum da linhaça é na forma de óleo, que é comestível. “O óleo é extraído a frio das sementes, por meio de prensagem”, afirma a física Márcia Lage de Oliveira, que realiza a pesquisa. “No experimento, o resíduo foi transformado em farinha e adicionado aos ingredientes do macarrão”.
Para obter a farinha, os resíduos das sementes foram triturados e submetidos a tratamento. “As sementes que vêm da indústria e, devido ao contato com o maquinário usado na extração do óleo, apresentam alguns contaminantes”, aponta Márcia. “Por essa razão, a farinha foi esterilizada a frio com o método de irradiação, sendo submetida a várias dosagens de radiação para poder ser utilizada sem riscos à saúde”.
O macarrão foi preparado com uma receita básica, apenas adicionando a farinha de linhaça aos ovos e a farinha de trigo. “A linhaça foi adicionada em várias concentrações, compondo entre 10% e 40% da massa”, conta a física. “O aspecto visual é semelhante ao do macarrão integral, apresentando uma cor caramelo, que fica mais intensa conforme aumenta a quantidade de linhaça. No entanto, o sabor é muito semelhante ao do macarrão convencional”.
Benefícios
Márcia explica que a prensagem não extrai todo o óleo das sementes de linhaça. Parte dele ainda permanece nos resíduos mantendo suas propriedades funcionais. “A linhaça também possui fibras solúveis e insolúveis, que auxiliam no trato gastrointestinal e fitormônios, importante para as mulheres na menopausa”, descreve a pesquisadora.
Segundo ela, o macarrão irá passar por testes de dureza, firmeza e textura para certificar a sua qualidade. Também será testada a aceitabilidade junto aos consumidores. “Nas primeiras avaliações, a textura apresentou resultados muito bons”, diz. “Além do sabor ser similar ao do macarrão comum, a sensação de saciedade é maior, ou seja, quem come o macarrão com linhaça fica mais satisfeito”.
A irradiação da farinha de linhaça e os testes com macarrão são realizados nos laboratórios do Cena. A pesquisa é orientada pelo professor Walter Arthur. “A linhaça pode ser inserida em qualquer tipo de massa que utilize farinha de trigo em sua composição, como pães e biscoitos”, acrescenta Márcia.
A física planeja disponibilizar a tecnologia e a técnica de produção do macarrão para a indústria, de modo que o produto possa ser aproveitado na merenda escolar. “A linhaça é um alimento muito rico, no entanto, ainda é pouco aproveitado”, conclui.
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