Atleta Bodyfitness falou sobre preparação para o Jesse James Classic Pernambucano 2013 e discriminação enfrentada por mulheres que praticam culturismo
A fisiculturista Morgana Amaral falou em entrevista ao Sarados do Brasil sobre sua vitória no Jesse James Classic Pernambucano 2013, realizado no dia 28 de dezembro em Caruaru, no Pernambuco.
A atleta contou que mudou de categoria e se preparou em três meses para participar do campeonato aberto de fisiculturismo.
A sarada do Brasil também falou sobre a desvalorização e o preconceito enfrentado pelas mulheres que se dedicam ao culturismo.
Entrevista
Olá Morgana, seja bem-vinda. Quantas competições você participou em 2013?
Foram três. Em abril, participei da seletiva do Arnold Classic Brasil. Depois, mudei para a categoria Bodyfitness e competi no Campeonato Pernambucano de Fisiculturismo da IFBB. Fiquei em terceiro lugar. Em seguida, me preparei em menos de três meses para o Jesse James Classic Pernambucano, no qual fui campeã.
Por que você saiu da categoria Bikini para competir na Bodyfitness?
Porque meu biotipo não se encaixou bem na Bikini. Eu tenho uma estrutura larga e tipo físico endomorfo. Morfologicamente falando, não me adequei à dieta. Tive que sofrer o dobro e ainda perdi muita massa muscular por causa da categoria, que não me permitia ter muito volume.
Qual é a diferença de uma atleta Bikini para uma Bodyfitness?
A atleta Bikini Fitness tem que ser magrinha, com tônus muscular aparente, sem muita definição e baixo percentual de gordura. Tem um shape de praia nos padrões americanos. Já a atleta Bodyfitness ou Figure possui um corpo um formato em Y, com ombros largos, bem salientes e arredondados. Possui elevado tônus muscular, sem definição excessiva, e baixo percentual de gordura. O estilo do biquíni, a apresentação, os quartos de volta também são diferentes.
"Gosto de ser grande, gosto de ter mais músculos" |
Você acredita que a mudança vai lhe trazer resultados positivos?
Sim, pois gosto de ser grande, gosto de ter mais músculos. A mudança foi para melhor, facilitou a minha vida. Pra ser sincera, me encaixei muito melhor na Bodyfitness e achei mais agradável pra seguir a dieta. Ainda quero melhorar mais. Vou continuar fazendo oscilações na dieta, mesmo sem campeonatos em vista, para ir mudando ainda mais a estrutura do corpo.
Com quantos kg você se apresentou no Jesse James Classic Pernambucano 2013? Esperava vencer?
Por volta de 55kg. Foi meu segundo campeonato como atleta Bodyfitness. Na verdade, não tinha ideia se venceria, pois não viso concorrentes. Meu único objetivo ao subir em um palco é sempre me apresentar melhor do que da última vez.
Você acha que a mulher ainda é desvalorizada no fisiculturismo?
Sim, principalmente na hora da premiação. As categorias femininas são sempre premiadas com medalhas e kits de suplementos, o que é uma tristeza. É muito menosprezo da parte dos organizadores premiarem os homens com suplementos e dinheiro e as mulheres só com suplementos. No nordeste, 90% dos campeonatos são assim.
"As categorias femininas são sempre premiadas com medalhas e kits de suplementos, o que é uma tristeza" |
Mulheres como você, que praticam culturismo, ainda enfrentam preconceito de homens?
Sim, inclusive até de atletas. Eu já ouvi competidores falarem mal de atletas femininas de culturismo, que é feio, que mulher tem que ser feminina. Mulheres não deixam de ser femininas só porque são fortes. Pra ser sincera, acho elas muito mais femininas que muitas mulheres que conheço e que não competem.
Quem foram os responsáveis por sua preparação no Jesse James Classic?
Ítalo Mesquita me auxiliou nos treinos e Mardoque Prado cuidou da minha dieta, mas sempre com minha opinião, pois além de atleta também sou treinadora. Meus treinadores sempre acatam a minha opinião, pois ninguém conhece seu corpo melhor do que você mesmo.
"Mulheres não deixam de ser femininas só porque são fortes" |
Que estratégias adotou a fim de se preparar para a competição?
Trabalhei em cima do que precisava ser melhorado. Não tinha treino fixo, mas ia à academia cerca de seis vezes por semana e me exercitava entre quarenta minutos e uma hora. Por entender de treino, isso facilitou a minha comunicação com o Ítalo na hora de discutir as estratégias.
Que sacrifício você fez como atleta para alcançar a vitória?
O mesmo de todo atleta. A gente abre mão de farra, de comer besteiras, essas coisas. Não existe sacrifício quando o que se busca vale à pena. Minha sorte é que meu namorado me apóia muito, está sempre do meu lado. Às vezes, ele cobra mais de mim do que meus próprios treinadores. Mas isso é ótimo porque mostra que ele me apóia e me aceita.
"Não existe sacrifício quando o que se busca vale à pena" |
O que é fundamental para vencer uma competição?
A dieta. Quanto mais simples, melhor. A minha tem batata doce, frango ou tilápia e verdura folhosa. Minha suplementação é quase zero próximo a competição. Não tem mistério. O que precisa ser bem calculado são as quantidades em cada período, quantas calorias você consome nessa fase. Durante a minha preparação, ingeria por volta de 1200 calorias ao dia.
Depois de vencer a competição, qual foi a primeira coisa que você devorou pela frente?
Um McDonald's triplo com batata frita um litro de suco Del Valle de uva (risos).
Quais são os seus planos para 2014?
Espero melhorar ainda mais o meu shape para chegar bem no campeonato brasileiro.
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