Inmetro analisou 15 marcas de whey protein concentrado de fabricação nacional e importada e reprovou 14
Líria Jade
Portal EBC
Quem consome ou foi aconselhado a consumir suplementos alimentares precisa estar atento à qualidade dos produtos consumidos. Quando associados a uma alimentação balanceada e à prática regular de exercícios físicos, eles podem melhorar o rendimento, diminuir a fadiga, aumentar a massa muscular e até auxiliar na redução de gordura corporal. Mas antes de começar a usá-los é preciso conhecê-los. Por isso, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) analisou 15 marcas de whey protein concentrado, a versão mais consumida do produto.
Foram analisadas marcas de fabricação nacional e importadas disponíveis no mercado brasileiro. São elas: EAS, Body Action, Probiótica, Integral Médica, STN Steel Nutrition, Solaris, Voxx, Dynamic lab, Maxx Titanium, DNA, Universal, Met-Rx, Sportpharma, New Millen e Nature's Best.
Os resultados dos ensaios realizados nos suplementos proteicos para atletas demonstraram que 93% das marcas apresentaram algum tipo de não conformidade. As 14 empresas produtoras de "whey protein" que foram reprovadas em uma análise feita pelo Inmetro têm 30 dias para adequar a composição do produto ou sua rotulagem.
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O consultor de saúde e performance atlética, Kleber Almeida, alerta que na maioria das vezes, as pessoas estão usando muitos produtos sem necessidade. “Alguns suplementos não têm pesquisa científica, ou seja, o mercado lança pensando em uma lacuna e começa a vender, mas na realidade a pesquisa científica que vai certificar o produto ainda não aconteceu”, destaca.
O que é o whey protein?
O whey protein é um suplemento proteico para atletas, nome pelo qual é classificado pela Anvisa. O alimento consiste em um produto à base da proteína do soro do leite - de baixo peso molecular com alto valor biológico de proteína e grande capacidade de absorção.
Os suplementos à base de whey variam muito de acordo com suas concentrações, misturas, processamento e valor biológico. Há, basicamente, três classificações para o produto: o concentrado, o isolado e o hidrolisado.
A nutricionista esportiva Bruna Timponi, explica a diferença entre os tipos da proteína. Whey concentrado pode fornecer de 29 a 89% de proteína. “Quanto menor o nível de proteína concentrada, maiores são os níveis de lactose, não é indicado para intolerantes à lactose. É a forma mais barata de Whey, rica em aminoácidos”, disse.
Já a forma isolada é a forma mais pura, contendo cerca de 90% ou mais de proteína em sua composição. “Além disso, a maioria das Wheys Isoladas são isentas de gordura e com menos de 1% de lactose, sendo o mais indicado para os pessoas com intolerância à lactose”, diferencia.
O hidrolisado exige que os ingredientes sejam colocados em maior quantidade, o que pode fazer com que alguns produtos contenham maltodextrina como primeiro ingrediente, um carboidrato de absorção lenta, que pode levar ao ganho de peso.
Resultados
O primeito teste do Inemtro avaliou se todas as marcas apresentavam consonância com sua classificação de suplemento proteico para atletas, determinada pela regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Todos os produtos foram aprovados. Para ser considerado whey protein, o suplemento deve apresentar, no mínimo, 10 gramas de proteína por porção.
Já quanto à quantidade de proteína descrita no rótulo, o segundo teste, duas marcas foram reprovadas por terem quase 30% menos proteínas do que o anunciado: a Solaris e a Voxx. O ensaio sobre teor de carboidratos revelou os resultados mais preocupantes - o terceiro teste constatou que todos os produtos têm a substância na composição. Mas, das 15 marcas, 11 tinham quantidades diferentes do que estava no rótulo apresentado ao consumidor. No caso da Voxx, essa diferença era de 300%.
Um aspecto potencialmente menos perigoso à saúde, mas não menos importante, foi constatado no ensaio de rotulagem, no qual se verificou que 73% das amostras não estavam em conformidade com a regulamentação da Anvisa. As principais não conformidades dizem respeito à expressão de valores com casas decimais.
Quanto à origem da proteína, que deveria ser de origem animal, uma marca foi reprovada. O whey da marca DNA também tinha proteínas do trigo e da soja, além da animal. Foram encontradas, ainda, substâncias não declaradas nas fórmulas dos produtos. Em cinco marcas havia cafeína: EAS, Probiótica, STN, Maxx Titanium e Sportpharma. No teste para ver se os rótulos estavam corretos, 11 marcas foram reprovadas.
Como resultado final, 14 das 15 marcas foram reprovadas. Confira a lista:
EAS 100%: foi reprovado nos quesitos teor de carboidratos, substâncias não declaradas e rotulagem.
Body Action: foi reprovada quanto à rotulagem.
Pró-Profissional Line: foi reprovado quanto ao teor de carboidratos, e substâncias não declaradas.
Integral Médica: reprovado no teor de carboidratos e rotulagem.
STN SteelNutrition: foi reprovado nos quesitos teor de carboidratos, substâncias não declaradas e rotulagem.
Solaris: reprovado no teor de proteínas e no teor de carboidratos.
Voxx: reprovado no teor de proteínas e no teor de carboidratos.
DynamicLab: reprovado no teor de carboidratos e na rotulagem.
Maxx Titanium: reprovou quanto a substâncias não declaradas e à rotulagem.
DNA: foi reprovado quanto à origem proteíca e à rotulagem.
Universal: reprovado quanto ao teor de carboidratos e à rotulagem.
Met-Rx Shaping Every Body: foi o único aprovado em todos os testes.
Sportpharma: foi reprovado nos quesitos teor de carboidratos, substâncias não declaradas e rotulagem.
New Millen Suplementos: reprovado quanto ao teor de carboidratos e à rotulagem.
Nature`s Best: reprovado quanto ao teor de carboidratos e à rotulagem.
Respostas
A empresa responsável pela EAS 100% afirmou entende e apoia o Programa de Análise de Produtos do Inmetro. Já as responsáveis pelas marcas Pró Professional Line, STN-Steel Nutrition e Maxx Titanium,declararam que a presença da cafeína em seu produto não foi intencional e atribuiu o fato à presença de cacau na composição.
A Integral Médica questiona a metodologia utilizada para medir a composição do produto. A Solaris pede a reanálise do produto e questiona a metodologia. A Nutracom, responsável pela marca Voxx, e a GT Nutrition também não concordam com o método usado.
A empresa Rainha, responsável pela marca Body Action disse que as divergências apresentadas já foram devidamente ajustadas nos rótulos. A DynamicLab se propôs a primorar seus produtos com base nas recomendações do Inmetro. A DNA declarou que houve erro na impressão dos rótulos e que “a produção e comercialização foram suspensas até que sejam efetuadas as devidas correções”.
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